Se o seu filho entende tudo, mas ainda não fala, este pode ser o sinal silencioso que ninguém te explicou, e que pode fazer toda a diferença no seu desenvolvimento
É perfeitamente natural que os pais se sintam apreensivos ao perceber que o seu filho compreende bem o que ele está aqui, mas ainda não começou a falar ou utiliza apenas um número muito restrito de palavras. Esta preocupação é bastante comum e merece ser levada a sério.
Embora cada criança tenha seu próprio ritmo de desenvolvimento, há sinais que não devem ser ignorados. Estar vigilante desde cedo pode fazer a diferença e permitir que a criança receba o apoio adequado no momento oportuno.
O desenvolvimento da linguagem é um processo complexo, influenciado por vários fatores: cognitivos, motores, emocionais, sociais e ambientais. Apesar das diferenças individuais, existem marcos de referência que ajudam a detectar possíveis desvios. Por exemplo, até aos dois anos de idade, é esperado que a criança já diga algumas palavras com significado, como “mamã”, “papá” ou “água”. Se, nesta fase, compreender instruções simples — como “dá-me a bola” ou “vamos calçar os sapatos” — mas não verbalizar ou apresentar um vocabulário muito limitado, esse pode ser um sinal de alerta a ter em consideração.
A ausência ou limitação da fala, mesmo quando a compreensão verbal se encontra preservada, pode resultar de diversas causas. Entre as mais comuns encontramos-se o atraso simples de fala, alterações auditivas (por exemplo, decorrentes de otites frequentes), dificuldades na melhoria motora da fala (como a dispraxia verbal), perturbações do neurodesenvolvimento — nomeadamente dentro do espectro do autismo — bem como fatores de ordem emocional ou contextual, como ansiedade, timidez marcada ou, ainda, reduzida estimulação linguística no ambiente familiar ou social.
Neste sentido, os pais e outros cuidadores desempenham um papel essencial na estimulação da linguagem, mas também na identificação precoce de possíveis sinais de alarme.
Para potencializar a estimulação linguística recomenda-se: falar com uma criança de forma frequente e intencional, mesmo que ela ainda não responda verbalmente; usar frases simples e repetir palavras-chave; nomear ações, objetos e emoções; cantar canções infantis com gestos e repetições; ler livros ilustrados com linguagem acessível; reforçar positivamente qualquer tentativa de comunicação; e, sempre que possível, evite pressões ou tensões excessivas.
Para a identificação precoce de sinais de alerta, recomenda-se estar atento aos seguintes sinais:
- Não procurar comunicar por gestos, sons ou expressões faciais;
- Demonstra frustração frequente por não conseguir se expressar;
- Apresentar regressão nas competências linguísticas adquiridas anteriormente;
- Comunicar apenas com determinadas pessoas ou em contextos muito restritos.
A presença de boa compreensão sem produção verbal não constitui, por si só, motivo de alarme, mas deve ser acompanhada por um olhar clínico que ajude a perceber se existe ou não motivo para preocupação. Recorrer à orientação de um terapeuta da fala permite obter uma avaliação rigorosa e fundamentada sobre o desenvolvimento da linguagem da criança. Esta informação pode, por um lado, tranquilizar os pais quando tudo se encontra dentro dos períodos esperados e, por outro, possibilitar uma intervenção precoce sempre que se justifique. Em qualquer dos cenários, procurar ajuda especializada é um gesto de cuidado e responsabilidade!
Lembre-se: acompanhe de perto e aja com confiança no desenvolvimento da linguagem do seu filho é um dos melhores investimentos para o seu futuro, pois a comunicação é uma base para o seu crescimento, aprendizagem e relações sociais.

